sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Busca por tratamento de acupuntura no SUS cresce 429% em cinco anos

do Estado de S.Paulo
Saúde. Apesar de a prática da acupuntura já ser reconhecida pelo Ministério da Saúde desde 1988, salto nos atendimentos é atribuído pelos especialistas à implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), de 2006

O número de procedimentos de acupuntura realizados pelo SUS em todo o País cresceu 429% em cinco anos: em 2007 foram feitas 97.274 sessões, enquanto que neste ano, até setembro, já foram feitas 514.659 - incluindo as realizadas com agulhas, ventosas ou por eletroestimulação.

As aplicações de acupuntura feitas exclusivamente com agulhas somam mais da metade dos casos: 369.320, segundo levantamento do Ministério da Saúde feito a pedido do Estado. Só no Estado de São Paulo, por exemplo, foram 39.631 atendimentos na rede pública em 2007 e 219.988 atendimentos até setembro deste ano, o que representa um acréscimo de 455%.

O acesso é oferecido principalmente nas unidades básicas de saúde, que são responsáveis por 70% dos atendimentos, seguido por 25% dos atendimentos feitos nas unidades especializadas (ambulatórios específicos) e 5%, nos hospitais (nos cuidados paliativos).

As principais indicações são alívio da dor crônica (hérnias de disco, lombalgias, artrites, enxaquecas), melhora da função respiratória, insônia, ansiedade, depressão e redução dos sintomas como dormência e enjoos em pacientes com câncer (mais informações nesta página).

O Ministério da Saúde repassou em 2011 R$ 5,6 milhões pelos procedimentos de acupuntura, incluindo as consultas, realizados nos 678 estabelecimentos que prestam o serviço pela rede pública. Neste ano, até agosto, já foram repassados R$ 4 milhões.

Apesar de a prática da acupuntura já ser reconhecida pelo SUS desde 1988, o salto nos atendimentos é atribuído à implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), em 2006.

A medida passou a oferecer à população o acesso às terapias não convencionais, o que inclui acupuntura, práticas corporais (como lian gong e tai chi chuan), homeopatia, fitoterápicos e plantas medicinais.

Segundo Patrícia Sampaio Chueiri, coordenadora geral da PNPIC, os números levam em conta apenas as sessões que foram aprovadas e pagas pelo ministério. Se for considerado o número de sessões que os Estados informam terem feito, o valor salta para 797.306, até setembro.

"A acupuntura tem crescido muito em todo o País. Essa diferença no número de sessões pode ter sido paga com recursos do próprio Estado ou município", explica Patrícia.

Atendimentos. Hildebrando Sábato, presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), atribui o aumento de atendimentos a mais informações e mais divulgação da técnica. "A partir da implementação da política nacional, a técnica passou a ser mais conhecida. Isso fez as pessoas se sentirem seguras para procurar mais o atendimento", avalia.

De acordo com ele, antes de a política ser implementada, os atendimentos eram restritos a centros especializados, em geral nas capitais. "Além da política, os resultados científicos se tornaram mais claros, mais evidentes, o que passou mais segurança para a população em geral."

Investimentos. O aumento da demanda por acupuntura e outras práticas integrativas fez o ministério pensar em expandir as técnicas. Segundo Patrícia, em 2013 o governo vai lançar um edital de R$ 2 milhões para pesquisas voltadas especificamente para essa área.

A ideia é avaliar os resultados do uso dessas técnicas em pessoas com dores crônicas, hipertensão e diabete. "As práticas integrativas não têm muito espaço nas universidades. Então a nossa ideia é estimular a concorrência, com pesquisas que avaliem o custo efetividade das práticas."

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