quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Especialistas dizem que estresse causa doença de pele

Pessoas com dificuldades de expor os sentimentos estão mais sujeitas ao problema

 Um em cada três pacientes que sofrem com doenças de pele sofre com problemas emocionais, como estresse, ansiedade e depressão. É a estimativa da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Na avaliação de dermatologistas, com a maior expectativa de vida da população e o dia a dia mais corrido, a tendência é de aumento do número de pessoas com esses problemas.
O fenômeno, chamado de psicodermatose, é percebido em qualquer doença de pele, como vitiligo, acnes, manchas, psoríase e dermatite atópica.
Para a diretora do Instituto Superior de Medicina e Dermatologia, Roberta Motta, diversos estudos já comprovaram que “a pele é o espelho do alma”. Segundo a médica, o problema atinge todas as faixas etárias.
– Estresse, depressão e ansiedade podem ocasionar distúrbios sérios, podendo chegar até a automutilação, como a tricotilomania, que é quando o paciente arranca os próprios cabelos.
Roberta afirma que o primeiro passo para o tratamento é identificar o problema na pele e, em seguida, o fator psicológico provocador.
– Fizemos um estudo com dois grupos de crianças que tinham vitiligo. Um fazia tratamento com medicamento e com acompanhamento psicológico, o outro grupo não. Identificamos que a taxa de cura foi 80% maior no primeiro grupo. Entre as crianças, muitas vezes, o nascimento de um irmão, entrada na escola ou até separação dos pais eram desencadeadores da doença.
Um dos casos que chamaram a atenção da dermatologista é de uma mulher que tinha vitiligo desde jovem e nunca havia tratado a doença, pois dizia não acreditar na cura. Mas, quando a filha dela, de seis anos, manifestou a doença e melhorou com tratamento, a mãe também começou a melhorar, devido ao apoio psicológico.
Ana Regina Coelho de Andrade, dermatologista e coordenadora Estadual de Dermatologia Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, observa que os tipos mais comuns de doenças na pele provocadas por problemas emocionais são a acne, caspa, irritações, psoríase, queda de cabelo, e lesões em joelhos e cotovelos.
– Percebemos nos exames que não se trata de problema imunológico e, sim, sentimental. Então, encaminhamos para tratamento psicológico, paralelamente ao da pele. A pele e o sistema nervoso se originam do mesmo folheto embrionário. Por isso, um influencia tanto o outro. O importante é tratar o mais rapidamente possível, antes que vire um problema crônico.
O analista de suporte Leandro Lacerda Ruppo, 33 anos, conta que descobriu a psoríase há dez anos.
– Fui em um clínico geral para ver umas manchas perto do joelho. Aí foi constatada a psoríase. Não fiquei muito surpreso, pois a família do meu pai já tem histórico. Sempre que fico mais nervoso ou estressado, a doença ataca e piora muito. A pele começa a descamar em vários locais, como dentro do ouvido, cotovelo, joelho e costas. Passo pomadas e tomo sol para melhorar, mas não faço tratamento.
A psicoterapeuta Valéria Simão afirma que o tratamento psicológico varia de pessoa para pessoa. Para diferentes casos podem ser empregados apenas as conversas e até medicação contra depressão.
– O tratamento é estabilizar a pessoa.
Para a psicóloga clínica Adriana Roquette, as pessoas que mais sofrem com esse tipo de problema são indivíduos de personalidade introvertida, com dificuldades de expor sentimentos, tensas, reprimidas e que já passaram por algum trauma.
– A tendência é transparecer isso na pele. Caso a origem não seja orgânica, trabalhamos o emocional, com terapias e conversas.

Nenhum comentário: